Nem toda a gente quer ser magra!

Hoje venho falar de um assunto mais sério e com o qual me debato desde o dia em que nasci. Quando se fala em “peso” ou “dietas” a maioria das pessoas associa imediatamente à perda de peso e ignoram aqueles que, na verdade, precisam é de ganhar peso em vez de perdê-lo. Eu sou uma dessas pessoas. Pertenço à minoria (que, se calhar, não será bem uma minoria) cujo sonho é exatamente aquilo que a maioria das pessoas não quer: ganhar peso!


       Nasci com 49cm e 2,750Kg e, logo nos meus primeiros tempos de vida, o médico apercebeu-se que eu iria ter tendência para ser magra. E, de facto, é verdade. Neste momento, estou com 1,65m e, sensivelmente, 40,5Kg e, por mais que me esforce, não consigo passar desta marca. Pronto, também não sou daquelas pessoas que está sempre a comer. Eu nunca fui de comer muito mas, de vez em quando, tenho aqueles picos em que parece que vou comer o mundo inteiro e outros em que só de olhar para a comida fico logo cheia! Mas de resto, como tudo o que me apetece. Nunca me proibi de comer determinada coisa só para não engordar.
       Aliás, o que eu faço é precisamente o contrário: alimentos calóricos que muitas de vocês, se calhar, evitam eu como sem qualquer problema e adoro! E falo por exemplo de pratos que incluam feijão, chouriço (ADORO!), além de queijo (daqueles redondos e amarelos que a gente vai cortando quando precisa), presunto e claro, sem esquecer as famosas batatas fritas (feitas na frigideira), as pizzas, as lasanhas, entre outros alimentos que muitas de vocês provavelmente só poderão comer com os olhos. E quando andava no 7º ano, a meio da manhã comia sempre uma bola com creme, um mil-folhas ou outro bolo qualquer com creme ou de chocolate. E ainda hoje, não consigo passar muito tempo sem comer um pastel de nata, uns donuts ou outra guloseima qualquer. A questão é que nada disto parece ser o suficiente para me fazer ganhar peso!

      Mas o pior nem é isto. O pior é quando aqueles que deviam ser os primeiros a apoiar-me, na verdade, ainda me põem mais para baixo só porque não passo 24/7 a enfardar comida! E refiro-me à minha própria família (em especial à minha mãe)! Sim, enquanto eu me esforço por (tentar) ganhar peso, a única coisa que ela sabe fazer é mandar bocas do género: tu até pagas para não comer ou tu não comes que é para não teres força para trabalhar! Quer dizer, eu faço tudo para ganhar peso, não consigo e no final ainda tenho que ouvir bocas? A sério, POUPEM-ME!! As pessoas criticam mas é só porque o problema não é com elas porque, se fosse, aí já baixavam a bola! E muitos se calhar não sabem que ganhar peso é muito MAS MUITO MAIS DIFÍCIL do que perdê-lo, acreditem!
       E é claro que o facto de ter peso a menos acaba por influenciar uma série de coisas no dia-a-dia. A começar logo pela roupa. Por acaso até nem é muito o meu caso, porque um 36 arranja-se em todas as lojas. Mas pensem numa pessoa que veste um 34 ou até mesmo um 32 (equivalente ao XS e ao XXS). Quantas lojas é que essa pessoa terá de percorrer até encontrar uma que tenha tamanhos abaixo do S? E os cintos? Uma vez comprei um cinto nos chineses e tive que mandar acrescentar DOIS FUROS EXTRA num sapateiro para o poder usar! E sem falar naqueles tops decotados lindos (como por exemplo este aqui em baixo) que a gente vê numa loja mas que, depois de experimentar, chega à conclusão que esse top não nos favorece, simplesmente, porque não temos peito suficiente para encher o decote!


     E até em entrevistas de emprego eu acabo por sair prejudicada só pela minha aparência (o que na minha terra, geralmente, se dá o nome de preconceito)! Uma pessoa vê o meu CV, fica interessada, mas depois olha para mim e desiste porque ninguém no seu perfeito juízo se lembra de me dar 24 anos! Acham que, só por ter aparência de 16 anos, que tenho mentalidade de 16 anos também! Por amor de Deus!
       Mas o pior de tudo mesmo é o facto de a comunicação social não divulgar ABSOLUTAMENTE NADA para quem se debate com o mesmo problema que o meu. A maioria das marcas que vendem produtos e planos alimentares para emagrecer provavelmente também terão planos alimentares para quem pretende ganhar peso. Só que nunca os publicitam porquê? Porque partem sempre do princípio que ser magro é o sonho americano de toda a gente.
       O que não deixa de ser engraçado, numa altura em que tanto se critica a magreza extrema das top-models! E, enquanto sou constantemente confrontada nos meios sociais com anúncios milagrosos para emagrecer, para ganhar peso, o que eu vejo é, simplesmente, ZERO!!! É quase como se estas pessoas fossem olhadas como criminosas só porque pretendem ser aquilo que quase ninguém quer ser! A sério, quantas marcas de produtos para ganhar peso é que conhecem? Quantas marcas é que fazem anúncios na televisão a prometer ganhe x quilos numa semana? A sério, QUANTAS???

       Eu não quero que fiquem a pensar que sou insensível às pessoas que lutam diariamente para perder peso, porque não sou. O que eu gostava era que fosse dado o mesmo destaque e importância tanto aos que querem perder peso, como aos que querem ganhar. Porque, tanto um caso como o outro, são situações nada benéficas para a nossa saúde. Se, por um lado, o excesso de peso pode levar a problemas de hipertensão, diabetes, enfartes, AVC’s, etc., por outro, a falta dele (especialmente nas mulheres) pode inclusivamente levar à esterilidade (incapacidade de gerar filhos), uma vez que as menstruações deixam de aparecer e a estrutura óssea da pessoa pode não conseguir suportar uma gravidez.

      Por isso, está mais do que na hora de “dar a palavra” e apoiar quem luta todos os dias contra o problema inverso da maioria da população mundial!



E vocês? Qual é que é a vossa opinião sobre este assunto? Não acham que estamos a chegar a um ponto de saturação de tantos anúncios milagrosos para perder peso e a deixar de lado aqueles que se debatem com o problema inverso?
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5 comentários:

  1. Ganhar e perder peso é igualmente difícil e pode passar por questões biológicas (de genética) ou até mesmo psicológicas, desde anorexia, a falta de confiança, a falta de motivação.

    É por isso que não é tão simples como parece e que não há que apontar o dedo nem o magro ao gordo nem o gordo ao magro. Para engordar, muitos também passam por aconselhamento de médicos, por dieta.

    E para engordar, talvez o melhor seja consumir mais hidratos de carbono e leguminosas e de resto continuar com uma alimentação equilibrada, com legumes mas não com aquilo que podemos pensar que ajuda a engordar mas numa pessoa magra provavelmente faz simplesmente tanto mal como a uma pessoa mais gorda. Mas isto são "ideias". Se queres mesmo engordar, o melhor é procurares um médico.

    Gostei muito do que escreveste ;)

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    1. Sim, a genética e a parte psicológica nestas coisas têm sempre a sua importância. Os meus pais separaram-se quando eu tinha 7 anos e praticamente cresci a ouvir as discussões entre eles (só por aqui já estás a imaginar!) e houve até uma vez, de facto, em que cheguei a ter um princípio de anorexia. Mas, olhando bem, nem sei se será correto chamar de anorexia, porque as pessoas que sofrem de anorexia têm uma imagem distorcida do próprio corpo, enquanto eu tinha plena consciência de que tinha peso a menos. Eu simplesmente não queria ser gorda (no sentido extremo da coisa). E de resto não consigo mesmo comer mais quando já me sinto satisfeita (tenha eu comido muito ou pouco).

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    2. Ah, e obrigada pelo teu comentário.

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  2. O que escreveste é totalmente verdade e fico muito orgulhosa e feliz ao ver que lutas com todas as tuas forças para mudar algo que a sociedade deixa passar em falso. Eu não sou ninguém para julgar, aliás ninguém é. E isto acaba por ser um pouco irónico visto que, enquanto todos os dias tu lutas para ganhar peso, eu todos os dias luto para perder peso, tanto que sou uma vitima de anorexia. A magreza extrema tornou-se tão "amada" que ninguém se lembra de pessoas que, como tu, lutam por engordar. Eu admiro te imenso por isso, por trazeres à tona um assunto que é muito importante e que deveria ser tão mencionado quanto a perda de peso. Desejo te o melhor do mundo e que consigas alcançar a tua meta.
    Beijinho.

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    1. A minha intenção é mesmo essa: mostrar que não somos todos iguais e que cada um de nós tem necessidades diferentes. E não é por escondermos esta realidade que ela vai deixar de existir. Como eu referi em cima, acho que chegámos a um ponto de saturação: as pessoas já não querem ver esqueletos, as pessoas querem ver gente saudável.
      Obrigada pela tua força! ;)

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